Escolher a melhor ração para o teu cão pode ser uma tarefa confusa. No meio de tantas marcas, promessas e ingredientes desconhecidos, o rótulo da embalagem é a tua principal ferramenta para perceber o que realmente estás a oferecer ao teu companheiro de quatro patas.
Neste artigo, explicamos como ler e interpretar a rotulagem das rações — de forma clara, prática e focada no que realmente importa.
1. Lista de ingredientes: o que está em primeiro, pesa mais
A lista de ingredientes é ordenada por peso antes da cozedura. Por isso:
-
Se o primeiro ingrediente for, por exemplo, “carne fresca de frango”, isso é um bom sinal.
-
Mas atenção: a carne fresca contém muita água. Quando seca, o peso real de proteína pode ser inferior ao de uma “farinha de carne” que venha depois na lista.
🔍 Dica: Procura rações em que os primeiros ingredientes sejam fontes claras e específicas de proteína (ex: “carne de frango”, “farinha de salmão”) e não termos vagos como “carnes” ou “subprodutos”.
2. Termos comuns e o que realmente significam
-
Subprodutos animais: podem incluir vísceras nutritivas, mas também partes de baixo valor (penas, cascos, etc.). A qualidade varia muito. Quanto mais genérico o termo, menos fiável.
-
Farinha de carne/peixe: é carne desidratada. Se for de boa qualidade e bem especificada (“farinha de frango”, “farinha de cordeiro”), é uma fonte concentrada de proteína.
-
Hidrolisado de fígado: fonte de sabor natural. Pode ser benéfico, desde que bem identificado.
-
Cereais: quando estão divididos (ex: milho, arroz, trigo), pode ser uma tentativa de "diluir" a sua presença e fazer parecer que há menos cereais no total.
-
Ingredientes naturais vs artificiais: rações de maior qualidade evitam corantes, aromatizantes e conservantes artificiais (como BHA ou BHT).
3. Análise garantida: os números que deves ler
A tabela da composição analítica mostra os principais nutrientes em percentagem:
Nutriente | O que significa | Intervalo típico desejável |
---|---|---|
Proteína bruta | Essencial para músculos, imunidade, energia | ≥ 25% em rações de qualidade |
Gordura bruta | Fonte de energia e saúde da pele/pelo | 12-20% |
Fibra bruta | Ajuda na digestão, mas em excesso pode dificultar absorção | 2-5% |
Cinza bruta | Minerais totais (cálcio, fósforo, etc.) | Idealmente ≤ 8% |
Humidade | Água presente na ração (apenas em húmida ou semi-húmida) | ≤ 10% (ração seca) |
🔍 Nota: A análise não te diz a qualidade da proteína ou da gordura, apenas a quantidade. Por isso, combina sempre estes dados com a lista de ingredientes.
4. Declaração de composição e aditivos
Além dos nutrientes principais, a ração deve incluir:
-
Aditivos nutricionais (vitaminas, minerais, probióticos)
-
Aditivos tecnológicos ou sensoriais (conservantes, aromas)
Verifica se contém:
-
Ómega 3 e 6 (para pele e pelo)
-
Condroprotetores como glucosamina (para articulações)
-
Taurina (benéfica para o coração, especialmente em rações com baixo teor de carne)
5. Truques de marketing para evitar confusões
-
“Com sabor a frango”: pode conter apenas vestígios de frango, sem ser a principal fonte de proteína.
-
“Natural” ou “holístico”: muitas vezes são termos não regulamentados.
-
“Sem cereais” (grain-free): não é sinónimo de melhor qualidade — depende do que substitui os cereais (ex: batata, lentilhas, ervilhas em excesso também podem causar problemas).
-
Imagem de carne fresca ou legumes na embalagem: nem sempre reflete o conteúdo real.
Conclusão: Lê com olhos de ver
Interpretar a rotulagem da ração é o primeiro passo para oferecer uma dieta equilibrada, segura e adequada ao teu Jack Russell Terrier (ou a qualquer cão).
Mais do que confiar nas palavras da frente da embalagem, foca-te na lista de ingredientes, na análise garantida e na composição detalhada.
E, em caso de dúvida, fala com um profissional de saúde animal ou um criador experiente — a alimentação é um dos pilares da longevidade e qualidade de vida do teu patudo.