O Mostrengo, presente na Mensagem de Fernando Pessoa, corresponde à figura do Adamastor de Os Lusíadas, de Camões. Como este, é o guardião do Mar Tenebroso, no Cabo das Tormentas, mais tarde denominado da Boa Esperança.
O Mostrengo é a personificação do medo e do receio. Como monstro é uma criatura contrária à natureza, à lei e à ordem estabelecida, mas, ao mesmo tempo, derivando etimologicamente do latim monstrum significa aquele que mostra, que revela. O Mostrengo, ao ser vencido, permitiu a revelação de um novo mundo aos Portugueses.
Tal como o Adamastor, surge como símbolo dos perigos e das dificuldades que se apresentam ao ser humano que quer conhecer novos mundos. É, também, símbolo das histórias fantásticas marítimas que amedrontavam. Ambos são não só o símbolo dos problemas a enfrentar quando se pretende explorar o desconhecido, mas também quando o homem deseja descer ao interior de si próprio.
A figura do Mostrengo mantém toda a simbologia do fantástico que se contava e que amedrontava mesmo os mais corajosos. O poema de Fernando Pessoa simboliza as dificuldades sentidas pelos portugueses na conquista do mar, contrapondo o medo com a coragem que permite que o homem ultrapasse os limites. Ao mesmo tempo, mostra a atitude de coragem do marinheiro português perante aquele ser imundo e grosso, vencendo os seus medos. O homem do leme torna-se o símbolo do Portugal que não tem medo e é representante de um povo de coragem que quer dominar os mares.
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