Julieta

Romeu e Julieta, a história trágica do amor de dois jovens, é o título de uma tragédia de Shakespeare (1597), uma obra imortal da literatura, que começa da seguinte forma: "Duas famílias notáveis da linda Verona, onde a história se passa, transformam em guerra as desavenças antigas, manchando de sangue as suas mãos. E do seio destas duas famílias inimigas nascem dois amantes predestinados".

A história desenrola-se em Verona, em Itália, incidindo na rivalidade entre as casas dos Capuleto e dos Montéquio, que se envolviam permanentemente em lutas. Romeu, filho de Montéquio, era o único que se afastava das lutas o que intrigava as duas famílias. Certo dia, o jovem revelou a seu primo Benvólio que estava apaixonado por Rosalina. Entretanto, a Senhora Capuleto revelou à sua filha Julieta, de catorze anos, que o seu parente Páris pretendia casar-se com ela.

Num jantar da família Capuleto, Romeu e os seus homens entraram disfarçados com a curiosidade de ver o que se passava. Romeu viu, então, pela primeira vez, Julieta e, deslumbrado com a sua beleza e atitude, ficou perdidamente apaixonado. Um homem da casa dos Montéquio, o primo Tebaldo, descobriu que o jovem disfarçado era Romeu e quis atacá-lo. No entanto, o pai Capuleto impediu-o, já que a conduta pacífica de Romeu fazia dele um filho amado da cidade de Verona.

Romeu, que pensava que Julieta era uma convidada da família, cortejou-a e beijou-a, antes de saber, pela ama de Julieta, que esta era uma Capuleto. Quando a festa acabou, Julieta perguntou à ama quem era o jovem que tanto a impressionara e descobriu que estava apaixonada por Romeu Montéquio, filho da casa rival. Romeu cortejou Julieta às escondidas, no jardim da casa dos Capuleto, e ambos juraram um amor tão fiel que repudiariam as respetivas famílias, caso fosse necessário.

Mais tarde, Romeu confessou a Frei Lourenço o seu amor por Julieta, e este aceitou casá-los, em segredo. Romeu pediu à ama de Julieta que dissesse à senhora que esta deveria encontrar-se com ele no confessionário de Frei Lourenço para aí se casarem, tendo, todavia, de voltar depois às suas casas.

Numa praça de Verona, Tebaldo encontrou Romeu e desafiou-o, assim como aos seus companheiros. Apesar de Romeu não querer lutar, Tebaldo feriu de morte Mercúrio, um dos seus amigos. O jovem Romeu viu-se, assim, obrigado a matar Tebaldo e, em consequência desse ato, foi expulso de Verona, por ordem do príncipe Escalo.

Julieta pediu à ama que preparasse um encontro de despedida com o seu marido Romeu, que estava escondido na cela de Frei Lourenço. Desesperado, Romeu pensou em suicidar-se, mas Frei Lourenço acalmou-o e aconselhou-o a esconder-se em Mântua enquanto os ânimos não serenassem; em seguida, anunciaria o casamento, que poderia proporcionar a reconciliação entre as famílias.

Entretanto, o pai Capuleto pretendia que Julieta se casasse com Páris logo que terminasse o luto pela morte de Tebaldo. Romeu despediu-se de Julieta, visitando-a secretamente no seu quarto e, quando saiu, entrou a mãe Capuleto, que informou a filha não só da sua intenção de mandar envenenar Romeu, como também do casamento com Páris. Perante a mãe e o pai, Julieta invocou várias razões para não se casar, menos a verdadeira, contudo o pai Capuleto, renitente, não lhe deu ouvidos.

Páris foi marcar com Frei Lourenço o casamento e, na mesma altura, entrou Julieta que foi confessar-se ao clérigo. A sós, Frei Lourenço contou a Julieta um estratagema para impedir o seu casamento com Páris. Segundo o plano, Julieta deveria fingir que aceitava o casamento. Beberia uma poção que a daria como morta e, quando estivesse no túmulo dos Capuleto, seria resgatada por Romeu, entretanto avisado, fugindo, depois, com ele para Mântua.

Julieta assim fez, mas, à cautela, guardou, entre as vestes, um punhal para utilizar caso a poção não resultasse. Tudo aconteceu conforme o planeado, só que Romeu foi apenas avisado da morte de Julieta e não da trama de Frei Lourenço explicada numa carta a Frei João, que não conseguiu entregá-la a Romeu. Em Mântua, Romeu comprou um veneno letal e dirigiu-se, em seguida, ao túmulo de Julieta, em Verona.

Páris, que visitava o túmulo de Julieta, escondeu-se, quando Romeu e o seu criado Baltasar se aproximaram do túmulo. Romeu despediu-se do criado, entregando-lhe uma carta para o pai. Mas Baltasar, temendo pelas ações de Romeu, escondeu-se também. Entretanto Páris revelou-se a Romeu e, após uma luta, Páris caiu morto. Romeu, desesperado com a morte da amada, bebeu o veneno e caiu ao lado do túmulo de Julieta.

No mesmo momento, Frei Lourenço aproximou-se para libertar Julieta do seu túmulo e do seu sono. Julieta acordou e, encontrando o seu amado morto, decidiu morrer também. Dado que Romeu não deixou nem uma gota de veneno no frasco, pegou no punhal e cravou-o no peito.

Quando os guardas chegaram, depararam com todo o horror e logo correram a chamar os Capuletos, os Montéquios e o Príncipe Escalo, que se inteiraram de toda a verdade pelas revelações de Frei Lourenço e pela carta de Romeu. As famílias, chocadas pela tragédia e pelo ódio que a originou, resolveram reconciliar-se ali mesmo. Para a história ficou um amor intenso e trágico que nem a morte conseguiu separar.

A peça de Shakespeare, estreada em 1595, obteve um sucesso enorme e foi impressa, pela primeira vez, em 1597. Apesar da história ser fictícia, tal como é referido na peça, "uma tragédia engenhosamente imaginada", o tema desta tragédia estava já presente na literatura grega. Foi, no entanto, Luigi de Porto o primeiro a utilizar os nomes Romeu e Julieta.

A história foi, ainda, livremente adaptada pelo italiano Matteo Bandello, em 1554, aparecendo traduzida, em 1559, pelo francês Pierre Boisteau de Launay, em Histoires Tragiques de François de Belleforest. Esta versão foi traduzida para inglês, em 1562, por Arthur Brooke, em Tragical History of Romeo and Juliet, fonte na qual se baseou Shakespeare.

Este tema foi também musicado por Gounod, para uma ópera, e por Tchaikovsky e Prokofiev, para bailados. Quanto à cinematografia, foram vários os filmes realizados, tais como Romeu e Julieta, de George Cukor (1936), Romeu e Julieta, de Franco Zeffirelli (1968) e Romeo+Juliet, de Baz Luhrmann (1996).

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