Em praticamente todas as línguas antigas, alfa, a primeira letra do alfabeto grego, herdeiro direto do alfabeto fenício, era considerada a origem, a primeira causa ou nascimento, a mãe ou deusa primordial. Na sua origem estaria a figura de uma vaca, boi ou touro, que seria representada ao contrário do que hoje conhecemos. Na Babilónia, a letra A era o nome da deusa e no Sudeste Asiático era considerada o nome da mãe original, Akshara, a deusa da Sabedoria responsável pelo nascimento espiritual dos seres que atingiam a revelação divina. Acreditava-se que este símbolo de criação, juntamente com a letra ómega, que estava no fim do alfabeto grego, tinha em si mesmo a chave do conhecimento do Universo, a existência e o conhecimento totais.
Jesus Cristo, na sua revelação registada no Livro do Apocalipse, assume-se como sendo alfa e ómega, o princípio e o fim de tudo o que existe, "o que era, o que é e o que há de vir". Por esse motivo são frequentes as inscrições de alfa e ómega nas representações da cruz de Cristo. Símbolo de sentido triplo, dada a sua semelhança com o triângulo, alfa era também um outro nome do rio Estige, que simbolizava tanto a morte como o renascimento, estando assim também muito próxima de princípio e fim. Na mitologia, o próprio rio Estige sofria no seu curso uma espécie de renascimento ou renovação contínua ao fazer sete voltas no ventre subterrâneo da terra. Para além de alfa, existia o alfa triplo, que era uma representação da letra alfa três vezes. Acreditava-se que era um talismã para as mulheres que estavam prestes a dar à luz e era usado pelos feiticeiros nas suas invocações e proteções mágicas. Em algumas filosofias de evolução espiritual, a distância entre alfa e ómega é o caminho da evolução espiritual. Ómega simbolizaria a entrada no plano espiritual, ou seja, daria lugar a um novo alfa, a um novo começo.
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