Considerado por muitos autores como o mais completo poeta do nosso século XVIII, Manuel Maria Barbosa du Bocage, filho de um advogado e de uma senhora francesa de quem herdou o último apelido, nasceu a 15 de setembro de 1765, em Setúbal, e morreu a 21 de dezembro de 1805, em Lisboa.
Aos 16 anos assentou praça na Infantaria de Setúbal, mas em 1783 alistou-se na Academia Real da Marinha.
Em Lisboa, participou na vida boémia e literária e começou a ganhar fama devido à sua veia de poeta satírico.
Em 1786 embarcou para a Índia, chegando a ser promovido a tenente; em 1789 aventurou-se a ir a Macau e logo no ano seguinte regressou a Portugal.
Em Lisboa encontrou a amada Gestrudes (em poesia Gestúria) casada com o seu irmão.
Infeliz no amor, sem carreira e com dificuldades financeiras, dedicou-se à vida boémia e à poesia, tendo publicado, em 1791, o primeiro volume de Rimas .
Aderiu então à Nova Arcádia (ou Academia de Belas Letras) onde recebeu o nome de Elmano Sadino.
No entanto Bocage, pela sua instabilidade e irreverência, não se adaptou ao convencionalismo arcádico e abriu conflitos com os seus confrades, sendo expulso em 1794.
Três anos depois foi acusado de "herético perigoso e dissoluto de costumes" e, como era conhecida a sua simpatia pela Revolução Francesa, foi preso e condenado pela Inquisição.
Quando saiu da reclusão, conformista e gasto, viu-se obrigado a viver da escrita (sobretudo de traduções). Apesar de ter recebido o auxílio de alguns amigos, acabaria por morrer doente e na miséria.
Se formalmente a poesia bocagiana ainda é neoclássica, se nalgum vocabulário e nos processos de natureza alegórica ainda se sente a herança clássica, concretamente a camoniana, pelo temperamento, por grande parte dos temas (como o ciúme, a noite, a morte, o egotismo, a liberdade, o amor - muitas vezes manifestado por uma expressão erotizante) e pela insistência nalgumas imagens e verbos que denunciam uma vivência limite, pode bem dizer-se que uma parte significativa da produção poética de Bocage é já marcadamente pré-romântica, anunciando assim a nova época que se aproxima.
Apesar de a sua poesia ser contraditória, irregular, e de os seus versos revelarem concessões artisticamente duvidosas, Bocage é considerado, com justeza, um dos maiores sonetistas portugueses
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