Os Tantra, do sânscrito "rede" ou "trama", são um conjunto de textos e rituais religiosos que estão na base de determinadas escolas esotéricas do Hinduísmo e do Budismo. Os Tantra hindus datam do período medieval e constam de diálogos entre o deus Shiva e a sua consorte Shakti/Parvati. Nestes diálogos, o deus explica a filosofia dos rituais tântricos. O objetivo destes rituais é despertar a energia psico-sexual, o chamado poder da serpente, ou da Kundalini, alojado na base da coluna, e fazê-la subir até ao último chacra, o que corresponde à experiência de união com o divino, ou seja, à transformação da energia sexual em progresso espiritual. Este processo envolve a visualização de uma divindade, o uso de diagramas que simbolizam a divindade (yantras) e a recitação de mantras correspondentes a essa divindade.
A tradição tântrica evoluiu para o chamado tantra "da mão esquerda" (vamachara) que implica a prática do yoga sexual e o tantra "da mão direita" (dakshinachara), em que as práticas são apenas visualizadas. Na verdade, há vários níveis de compreensão dos rituais, dependendo do nível de desenvolvimento espiritual do praticante. Neste sentido, a "união" pode significar o ato sexual físico, a unidade ritual de conceitos através do canto, de oferendas e da visualização, ou ainda a compreensão do verdadeiro Eu na comunhão dos dois princípios cósmicos, Shiva e Shakti. As práticas tântricas pressupõem a permissão de um professor qualificado, ou guru, que pertença a uma linhagem de mestres tradicional.
No Budismo, os Tantra fazem parte de determinadas escolas Mahayana, sobretudo do Vajrayana desenvolvido no Tibete e da escola Shingon no Japão. A principal distinção entre a utilização dos Tantra no Budismo e no Hinduísmo, reside, provavelmente, na diferente motivação. No Hinduísmo, o objetivo é a libertação pela união com o divino, no Budismo, e especificamente na escola Mahayana, o objetivo é ajudar a libertar todos os seres do sofrimento e para isso se usam todos os meios para cumprir esse objetivo. O domínio das energias do corpo, das emoções e da mente não é visto como um fim em si mesmo mas um meio para a realização do objetivo último de reconhecer a verdadeira natureza da realidade e poder dessa forma ajudar todos os seres, segundo o ideal do Bodhisattva. Subjacente ainda à prática dos Tantra está a ideia de que certo tipo de práticas e ensinamentos já não se aplicam a uma idade decadente (Kaliyuga) como aquela em que vivemos, em que têm de ser usados meios mais diretos para a compreensão da realidade.
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