O mais célebre cowboy da banda desenhada europeia foi criado na Bélgica por Morris, aliás Maurice de Bévère, em 1946.
A evolução gráfica da personagem Lucky Luke - o cowboy que dispara mais rápido que a sua própria sombra -, que se tem registado desde 1946, é muito significativa: as formas arredondadas que apresentava inicialmente faziam com que a personagem denotasse muita influência do cinema animado, área onde Morris tinha trabalhado antes. A indumentária era já em tudo idêntica à que lhe é conhecida: chapéu branco, lenço vermelho, camisa amarela e calças pretas, que depois passaram a azuis, mais em consonância com os jeans.
O fiel cavalo Jolly Jumper surgiu no primeiro episódio, "Arizona 1880", como seu companheiro, sendo muito rápido, inteligente e ajudando Luke em múltiplas situações. Tem a particularidade de jogar xadrez e de prever por onde o seu cowboy escapará de uma zaragata. Mas a galeria de personagens é extensa.
Morris tinha criado e literalmente morto os irmãos Dalton, Bob, Gray, Bill e Emmet, num episódio feito a solo, Fora-da-Lei, tendo Goscinny achado mais tarde que eram personagens com imenso potencial. Uma vez que estavam mortos, "criou" os primos Dalton, em tudo idênticos aos defuntos: Joe, Jack, William e Averell, por ordem de altura, que apareceram precisamente em Os Primos Dalton, contribuindo decisivamente para a popularização da série, pelo seu lado caricatural. Joe, o baixinho mauzão e irascível, e Averell, o alto, delicado e glutão, protagonizam os mais variados e hilariantes gags da série.
Rantanplan, criado em 1960, é o oposto do célebre cão Rintintin, pois não tem faro, as pistas que segue são sempre erradas e come como um desalmado, constituindo, com os Dalton, o elemento burlesco da série, de tal modo que o cão mais estúpido do oeste (e até do este) tem direito a uma série própria.
Para além dos perigosos bandidos que abundam no velho oeste, como Billy the Kid, Luke também conheceu personagens famosas e bizarras, muitas das quais verídicas, das mais diversas áreas, sem esquecer os aventureiros, os índios e os imigrantes. Chineses, irlandeses, italianos ou russos, que se aventuravam no país das oportunidades, formam uma extensa lista de personagens que, com muito humor à mistura, vão apresentar um mosaico social dos pioneiros do velho oeste.
O cigarro foi uma imagem de marca de Lucky Luke durante quase 4 décadas, que deixou de fumar em 1983, surgindo no álbum Fingers com uma palhinha na boca, a pedido dos editores dos EUA.
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