Titãs
Designação genérica de seis filhos varões de Urano e de Gaia - Oceano (que é o Titã propriamente dito, pois era o mais velho), Cós (ou Céu), Hipérion, Crio, Jápeto e Cronos -, fazendo parte da primitiva geração divina, anterior a Zeus e aos deuses Olímpicos. O mais novo entre eles era Cronos, que está na origem da geração desses deuses Olímpicos. As Titânides, também em número de seis - Tétis, Febe, Témis, Tia, Reia, Mnemósine -, eram as irmãs dos Titãs, que se uniram com aquelas para conceber um conjunto de divindades de diferentes ordens, desde Zeus (de Reia e Cronos) às Oceânides (de Tétis e Oceano) ou a Eo, Hélio e Sélene (filhos de Tia e Hipérion).
Depois de Cronos ter cortado os testículos a seu pai, Urano, com uma foice, vingando sua mãe, Gaia, os Titãs seus irmãos, que tinham sido expulsos pelo pai do Céu - depois de retirados do Tártaro por Cronos - assenhorearam-se do poder entre as divindades. Entregaram o poder a Cronos. Oceano, ou Titã, por condescendência, não alinhou entretanto com Cronos e os irmãos, mantendo-se neutro. Mas Oceano impõs uma condição a Cronos: todos os seus descendentes masculinos seriam mortos, de forma a assegurar o trono para os seus filhos (de Oceano). Cronos apressou-se então a devorar cada um dos filhos que tinha de Reia, de forma a cumprir o acordo com seu irmão mas também para evitar que um dia, quando crescessem, se voltassem contra ele próprio e o quisessem destronar. Reia era assim obrigada a dar a Cronos todos os seus recém-nascidos; salvou apenas Zeus, porque ainda grávida fugiu para a Creta, onde deu à luz o futuro rei dos deuss do Olimpo. Depois ainda conseguiu salvar outros três: Poseidon, Hades e Hera.
Só mais tarde, quando Zeus, filho de Cronos e de Reia, tentou destronar seu pai, é que Oceano resolveu apoiar o sobrinho. Dava assim o poder aos deuses Olímpicos e, na prática, à dinastia de Cronos e não à sua (de Oceano, ou Titã). Os Titãs, no entanto, com exceção apenas de Oceano, não concordando com o poder nas mãos dos deuses Olímpicos, resolveram entrar em conflito com eles. A contenda ficou conhecida na mitologia como Titanomaquia, muito referida por Hesíodo. Ao lado de Zeus e de Oceano contra os Titãs, estiveram deuses maiores como Atena, Hera, Apolo, Poseidon e Plutão, entre outros, bem como os Hecatonquiros (gigantes de cem mãos, irmãos de Cronos que por ele foram lançados para o Tártaro juntamente com os Cíclopes e os Gigantes), antes dominados pelos Titãs, Prometeu, filho do Titã Jápeto e irmão de Atlas, e Estige, a mais velha das Oceânides. Uma lenda diz que terá sido Geia a revelar a Zeus que para ele ganhar aos Titãs teria que contar com a ajuda de todos aqueles seres enviados por Cronos para o Tártaro, o que fez com que o filho de Cronos e de Reia os fosse lá buscar.
Nesta sua revolta, os Titãs tentaram escalar o Céu para atacar os deuses, sobrepondo, sempre sem sucesso, montanhas atrás de montanhas, mas Zeus fulminava-os. Durou a terrível luta dez anos, tendo acabado com a derrota dos Titãs, que foram lançados para as profundezas da Terra, para desespero de Gaia, inconformada com a derrota de seus filhos às mãos de Zeus e seus aliados.
Os Titãs eram venerados e honrados como os antepassados dos homens e como os inventores da magia e das artes.
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