Por Demónio, ou Diabo, Lúcifer, Satã ou Satanás, Belzebu, Maligno, Belial ou Dragão, entendam-se, em algumas religiões, os seres sobrenaturais nocivos e maléficos que estão entre o Homem e Deus. Aparecem-nos quase sempre descritos como seres do mal, embora alguns povos os não tenham assim conotado.
Espíritos da mitologia e da religião do mundo inteiro, são hoje vistos como seres imaginários, mas em outros tempos eram considerados reais e responsáveis pelas coisas más que aconteciam. Já os egípcios se referiam a seres demoníacos, assim como os Gregos, mas entre estes últimos não se lhes atribuía conotação maligna. Nas culturas orientais, eram considerados demónios todas as criaturas místicas ou espirituais. A palavra Demónio provém grego "daimonion" ("o que distribui", "que divide"), latinizado na forma de "daemoniu", étimo que deu origem à palavra portuguesa demónio.Para o Cristianismo, os demónios são considerados anjos caídos, agarrados por Lúcifer quando este foi expulso do Paraíso, por ambicionar ser igual a Deus, cometendo o pecado da soberba. Assim refere o livro do Apocalipse (12, 7-12), o último texto do cânone bíblico católico. Encarna o princípio do mal, sendo considerado o príncipe e soberano das milícias de demónios que atormentam os condenados no Inferno. Assedia os homens no mundo para que abandonem a sua fé e contra ela pequem, provoca doenças, possui as pessoas, inspira más ações. Habita nas imagens dos deuses pagãos e em outras divinizações do mal. As suas ações mais importantes e conhecidas são as tentações que levaram Eva a pecar (Gn 3,1-15), ou as com que tentou seduzir Jesus Cristo no deserto (Mt 4,1-11), além da inspiração de Judas à traição (Lc 22,3/Jo 13,2).
Jesus, porém, sempre venceu o demónio, acreditam os Cristãos, mas a batalha final terá lugar no fim dos tempos, no Juízo Final, momento anunciado com a chegada do adversário pessoal de J.C., o Anticristo (1 Jo 2,18/2 Ts 2,3), criação do Diabo, chamado de Besta no Apocalipse (Ap 13). A primeira batalha terá lugar no Armagedão. O Diabo será vencido e acorrentado durante 1000 anos, junto ao Anticristo e ao falso profeta. Depois, será solto para ser vencido, por fim, e atirado ao lago de fogo e enxofre, para onde também os injustos e os pecadores serão lançados (Ap 19,11-21; 20/ Mt 25,31-46).
O Demónio, tanto na forma singular como plural, é representado de diversas formas: em luta com o arcanjo S. Miguel, no dia do Juízo Final e vencido a seus pés; presidindo aos tormentos dos condenados nos infernos; à esquerda de Jesus, à direita do observador (Mt 25,41); na tentação de Eva no Paraíso; nas tentações de Jesus Cristo no deserto ou a outros santos (Santo Antão, por exemplo); acorrentado por santos que se destacaram na luta contra ele (S. Bartolomeu, S. Bernardo de Menthon, S. Bernardo de Claraval); ou como o "anjo caído". Surge também representado sob formas zoomórficas, como: serpente, dragão, bode, sapo ou rã, leão (na luta contra Sansão) ou porco, animal da gula e da luxúria.
Nas suas invocações, como acima foi referido, surgem várias hipóteses:
- Lucífer, nome atribuído por S. Jerónimo, significando "filho da luz da manhã" (com base em I Isaías 14,12). Este nome alude à sua origem divina;
- Satanás, ou Satã, o "adversário", "acusador", como em Job 1-2, provando a fidelidade de Job a Javé (Deus), enviando-lhe uma série de desgraças; em Zacarias 3, 1, surge à direita de Deus acusando os fiéis; no Apocalipse 12, 10, diz-se claramente que "foi atirado o acusador de nossos irmãos, o que acusava dia e noite diante do nosso Deus";
- Belzebu ou "Baal-Zebub", ou "Beel-Zebul", apelativos do deus cananeo-fenício da fecundidade. Na primeira forma aparece em 2 Reis 1, 2 e significa "senhor das moscas"; na segunda forma, em Mateus 20, 22, como "Baal o Príncipe";
- Belial, forma como é designado em 2 Coríntios 6,15;
- Diabo, ou "Sedutor", aparece como sinónimo de Satanás;
- Demónio – do grego Daimonion, designativo de espírito maléfico;
- Maligno – assim lhe refere S. João nos seus escritos (João 17,15; I João 5,18-21).
Os demónios são personagens referidas em diferentes manifestações culturais, não apenas na religião. Assim, temos deles alusões na literatura, em títulos como a Divina Comédia, de Dante, O Paraíso Perdido, de John Milton ou Fausto de Goethe, entre outros.
No Cinema, também nos aparecem retratadas estas criaturas ou referências a elas, é o caso dos filmes a partir do título original O Exorcista, ou até as séries de televisão, passando pela banda desenhada e mesmo pelos jogos de computador.
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