22/06/2025
Capítulo 1 – “Algo está diferente…”
Olá, eu sou a Masha.
Jack Russell Terrier, aventureira, saltadora olímpica e, segundo me disseram esta manhã, grávida.
Sim, leste bem. Grávida.
Ao início achei que só estava a ficar mais gulosa. Comecei a esconder biscoitos no sofá e tive desejos súbitos de cenoura às 10 da manhã (não sou de cenouras, normalmente). Mas hoje, depois daquela visita ao veterinário e de uns sorrisos cúmplices dos humanos, confirmou-se: estou a caminho de ser mãe.
Não sei bem o que esperar. Já ouvi histórias da Lima (a matriarca cá de casa) sobre noites sem dormir, barrigas enormes e um tal de "instinto maternal" que aparece de repente como se fosse magia. Eu cá só sei que hoje quero muitos mimos, uma manta fofinha e talvez... mais uma bolacha?
O Guedes, o pai dos meus bebés, está armado em galã. Vai para o jardim e abana o rabo como se tivesse feito uma grande coisa — e fez, vá. Temos uma boa genética, nós os dois.
Por agora, sinto-me bem. Só um bocadinho mais... contemplativa. Menos frenética. Dizem que o corpo muda, mas o coração muda ainda mais. E o meu já começou a bater pelos pequenos seres que crescem cá dentro.
Voltamos para a semana com mais novidades.
Até lá, desejo a todos barriga cheia e coração leve.
Com amor,
Masha
29/06/2025
Capítulo 2 – “Estou a ficar redonda. Não me julguem!”
Passou uma semana e já me sinto… um bocadinho bola.
É estranho. Ainda consigo correr (devagar), mas o meu centro de gravidade mudou.
Sinto que, se saltar da cadeira, posso aterrar noutra dimensão.
Os humanos não param de me tirar fotos — “Masha, vira aqui! Agora mostra a barriguinha!” — como se eu fosse uma influencer de maternidade. Estou a pensar cobrar em biscoitos.
Guedes ofereceu-me um brinquedo mastigado como presente (romântico, não é?).
A Lima só ri e diz: “Aproveita, ainda estás na fase fácil.”
Se isto é fácil… não quero imaginar o que aí vem.
06/07/2025
Capítulo 3 – “Primeiros pontapés! (Não são gases. Já confirmei.)”
Ontem senti uma coisa nova. Uma espécie de… borboletas na barriga.
Achei que era fome, mas não: são eles. Os meus bebés.
Sim, pontapés! Pequenos, suaves, como quem diz “Olá, mãe!” cá de dentro.
Senti-me emocionada. E também um pouco ansiosa.
Começo a ter sonhos estranhos com camas feitas de relva e cachorrinhos a correr descalços pelo corredor. O meu instinto está a ficar mais forte.
Dou por mim a arrumar as mantinhas e a empurrar almofadas com o focinho. Dizem que é normal. Dizem que é o “ninho”.
Guedes continua tranquilo como se nada fosse. Aliás, ontem fartou-se de correr atrás de um pardal enquanto eu me limitava a abanar a cabeça.
13/07/2025
Capítulo 4 – “O ninho, os nervos e a hora a chegar…”
O dia aproxima-se. Sinto-o.
A barriga está grande, pesada, redonda como um pêssego gigante.
Passei a noite a reorganizar tudo no meu canto.
Uma manta aqui. Um brinquedo ali. Um osso que guardei há meses, não sei porquê, mas hoje parece importante.
Estou mais sensível. Quase chorei quando o Jaime (o bebé humano da casa) me estendeu a mão e encostou-a à minha barriga.
Acho que ele sentiu um pontapé.
Os humanos estão atentos. Vejo-os a cochichar, a preparar toalhas e a olhar para mim com aquele olhar de “qualquer dia é o dia”.
Respiro fundo. Fico quieta.
A Mãe Natureza sabe o que faz, e eu confio nela.
(Confio também que alguém me dê canjinha depois.)
20/07/2025
Capítulo 5 – “Eles nasceram. 💛 E eu renasci com eles.”
Silêncio. Calma. Depois… o primeiro som.
Um chorinho fino. A vida.
Eles nasceram.
Nem consigo explicar o que senti. Um misto de alívio, cansaço e amor tão grande que quase não cabe neste corpo pequeno.
São lindos. Pequenos como nozes, quentinhos como o sol da manhã.
Têm o cheiro mais puro do mundo. Cheiro a começo.
Agarram-se a mim instintivamente, como se sempre me tivessem conhecido.
O Guedes veio espreitar. Pôs o focinho entre as grades e ficou ali, em silêncio. Foi o momento mais tranquilo que já vi nele.
Agora tudo muda. A casa está mais cheia. O coração também.
O meu nome é Masha.
E sou mãe.