Poucas coisas me emocionam tanto como o nascimento de uma ninhada. Ver os cachorrinhos a vir ao mundo, ouvir os primeiros sons, sentir aquela movimentação instintiva a caminho da mãe... é algo que não se esquece.
Mas mais incrível ainda é acompanhar o desenvolvimento deles nas primeiras semanas. É um período de transformação intensa — física, emocional e comportamental. E, como criador, aprendi a valorizar cada pequeno marco.
🟤 Semana 1: sobrevivência e instinto
Nos primeiros dias, tudo gira à volta de duas coisas: calor e leite. Os cachorrinhos nascem cegos e surdos, e o único sentido ativo é o tato e o olfato, que usam para encontrar as mamas da mãe.
A mãe (geralmente uma verdadeira heroína) está sempre por perto: limpa-os, aquece-os e estimula-os a fazerem as necessidades. A minha função aqui é mínima — garantir que todos mamam bem, que o ambiente está calmo e limpo.
📌 Marco: reflexo de sucção e procura, subida de peso gradual, vocalizações suaves.
🟠 Semana 2: olhos que se abrem para o mundo
Por volta do 10.º dia (às vezes um pouco antes ou depois), os olhos começam a abrir. É um momento mágico, aquele primeiro olhar ainda turvo, mas cheio de potencial. As orelhas também começam a abrir lentamente.
Ainda passam a maior parte do tempo a dormir e a mamar, mas já se vêem alguns movimentos mais coordenados, como tentativas de ficar em pé.
📌 Marco: abertura dos olhos, primeiros movimentos de exploração.
🟡 Semana 3: primeiras descobertas
É nesta altura que se nota o primeiro "salto" de desenvolvimento. Os sentidos estão mais ativos, começam a reagir a sons e movimentos, e já tentam andar, ainda de forma trapalhona, mas determinada.
Também começam as primeiras interações entre irmãos: mordiscam-se, rosnam, fazem pequenos desafios. É o início da socialização dentro da própria ninhada.
📌 Marco: começam a andar, a brincar e a interagir. Aparecem os primeiros dentes de leite.
🟢 Semana 4: socialização a sério
Nesta fase, a personalidade começa a vir ao de cima. Há cachorros mais curiosos, outros mais calmos, outros que já desafiam os limites.
Introduzo os primeiros estímulos exteriores: brinquedos simples, ruídos suaves, cheiros novos. E a alimentação começa a complementar o leite materno com papas específicas para a idade.
📌 Marco: início do desmame, mais brincadeiras, reações aos estímulos.
🔵 Semana 5 a 6: fase de ouro
Esta é, para mim, a fase mais divertida. Os cachorros já brincam de forma mais coordenada, correm, perseguem, desafiam e também procuram o colo. Reconhecem pessoas, respondem a estímulos, e já têm rotinas bem definidas.
É também aqui que começo a fazer pequenas “visitas guiadas” a diferentes espaços, para irem tendo contacto com diferentes ambientes, sons e experiências.
📌 Marco: autonomia crescente, forte ligação com humanos, início da educação básica (por exemplo, a usar tabuleiro higiénicos com resguardos absorventes).
🔴 Semana 7 a 8: prontos para o mundo (mas ainda bebés)
Nesta fase, os cachorros já estão praticamente desmamados, comem ração própria e estão preparados para transitar para as suas novas famílias, embora o ideal seja sempre dar mais uns dias para reforçar a socialização com os irmãos e com a mãe.
Antes de irem, costumo dar-lhes as primeiras vacinas, desparasitação e começar a trabalhar as primeiras noções de comando e limites. Também é o momento em que mais converso com as famílias, partilho vídeos, rotinas e dou orientações para uma boa adaptação.
📌 Marco: independência alimentar, vacinação inicial, prontidão para a adoção.
O que me impressiona sempre
Mesmo depois de várias ninhadas, continuo a ficar impressionado com o quanto evoluem em tão pouco tempo. Cada semana traz uma mudança visível. E o mais bonito é que, se for feita com carinho, estrutura e atenção, esta fase marca os cães para sempre: são as fundações do que eles vão ser como adultos.