As Orelhas do Jack Russell Terrier:
Forma, função e o que revelam sobre a linhagem
As orelhas são uma das características mais emblemáticas e expressivas do Jack Russell Terrier. Para além do charme que conferem à expressão facial do cão, elas também oferecem pistas sobre a pureza da raça, a linha de sangue e até o temperamento. Vamos descobrir porquê.
📏 Como são as orelhas “corretas” segundo o standard?
De acordo com o padrão oficial FCI, as orelhas do Jack Russell devem ser:
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Em forma de botão (button ears)
Dobram para a frente, cobrindo parcialmente o canal auditivo
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Portadas contra a cabeça, nunca afastadas ou em pé
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De inserção lateral alta, mas não no topo do crânio
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Textura fina, com boa mobilidade
❗ Tipos de orelha que não seguem o padrão
Embora possam surgir naturalmente, estas variações não são desejáveis num cão de exposição ou criação focada no padrão:
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Orelhas eretas (tipo Spitz)
→ Sugerem influência genética de raças com perfil mais vigilante ou nórdico -
Orelhas caídas totalmente (tipo Beagle)
→ Perdem a expressão alerta típica da raça -
Orelhas em rosa (rose ears)
→ Dobram para o lado, mostrando o interior; comum no Fox Terrier e no Bull Terrier -
Grandes e pesadas
→ Alteram a expressão e podem indicar mistura com raças de trabalho mais pesadas
🧬 O que as orelhas revelam sobre a genética?
As orelhas são determinadas por vários genes que controlam cartilagem, inserção e mobilidade. Alterações no formato podem revelar:
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Cruzamentos com outras raças
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Seleção incorreta ao longo das gerações
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Linhas de sangue com menos foco na conformidade ao standard
Importante: orelhas “erradas” não afetam a saúde, mas dizem muito sobre o cuidado na criação.
🎭 Expressividade e comportamento
O Jack Russell usa muito as orelhas para comunicar:
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Orelhas em botão, firmes e móveis = alerta, atenção, foco
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Orelhas retraídas = medo, submissão
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Orelhas relaxadas para os lados = calma, descontração
Um cão com orelhas muito pesadas ou mal posicionadas pode ter expressão menos clara — o que afeta a comunicação entre cães (e com humanos).
🧪 Por que as orelhas dos cachorros “dançam” durante o crescimento?
Durante o desenvolvimento do Jack Russell Terrier (e de muitas outras raças), é perfeitamente normal que as orelhas passem por fases irregulares. Eis os motivos principais:
1. Desenvolvimento desigual da cartilagem
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A cartilagem que sustenta a orelha ainda está a formar-se.
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Pode haver momentos em que uma orelha fica mais firme e outra ainda mole, ou ambas se levantam e depois voltam a cair.
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Isso acontece porque a maturação do tecido cartilaginoso não é simultânea com o crescimento muscular e ósseo.
2. Influência da dentição
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Muitos criadores e veterinários notam mudanças nas orelhas durante a troca dos dentes, entre os 3 e os 6 meses.
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Nesta fase, o organismo desvia cálcio e outros minerais para os ossos e dentes, o que afeta temporariamente a sustentação das orelhas.
3. Fatores genéticos e ambientais
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A genética define a forma final da orelha, mas o ambiente pode interferir:
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Nutrição insuficiente ou excessiva
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Brincadeiras excessivas com mordidas nas orelhas
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Stress ou doenças que afetem o desenvolvimento
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💬 Quando me devo preocupar?
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Até aos 6-8 meses, variações são normais.
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Se após essa idade as orelhas continuarem eretas ou muito caídas, pode indicar traço genético dominante fora do padrão ou influência de cruzamentos.
🐶 Posso “corrigir” as orelhas do meu cachorro?
Durante o crescimento, é comum que as orelhas “dançem” um pouco:
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Subam, caiam, dobrem mal — faz parte do desenvolvimento!
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Em alguns casos (e com orientação do criador ou veterinário), pode aplicar-se suporte leve temporário (fitas ou colas especiais) para ajudar na formação correta.
Nunca se deve recorrer a cortes ou colagens invasivas.
🏆 E nas exposições?
Num cão de exposição, a orelha fora do padrão pode penalizar fortemente a pontuação, pois altera a expressão típica da raça. Em contexto de criação séria, é um critério que deve ser considerado na seleção de reprodutores.
💡 Conclusão
As orelhas do Jack Russell Terrier são mais do que um pormenor encantador — são um reflexo da sua genética, da sua função original e da sua personalidade vibrante. Observar, respeitar e compreender a forma correta das orelhas é mais um passo para proteger esta raça única.