A dirofilariose é uma doença provocada pelo parasita Dirofilaria. Existem várias estirpes, sendo a mais frequente a Dirofilaria immitis.
O parasita adulto aloja-se no coração do cão, sendo que a doença é transmitida a este através da picada de mosquitos infestados.
Ciclo do parasita e transmissão da doença
O ciclo de vida do parasita é realizado tanto no mosquito como no cão. O mosquito transmite o parasita num estadio larvar para o cão através da picada. As larvas transmitidas ficam no sangue e desenvolvem-se até atingirem um tamanho maior, migrando posteriormente para as artérias pulmonares (2-3 meses após a transmissão vetorial). A passagem de larva a adulto demora cerca de 7 meses. Uma vez adultos, os parasitas sobrevivem no animal durante 5-7 anos!
As fêmeas-adulto posteriormente dão origem a microfilarias que ficam na circulação sanguínea do animal e que só crescem do estadio L1 para o estadio L3 no organismo do mosquito (que para isso tem de picar o animal).
A transmissão de microfilarias entre cães através de transfusão de sangue e entre mãe e cachorro através da placenta pode ocorrer.
Não existem raças mais predispostas à Dirofilariose: quer tenha um cão sem raça definida, um cão pequeno como o Spitz Alemão ou um gigante como o Dogue Alemão, o perigo é igual!
Quais os sintomas de Dirofilariose Canina?
Tosse, cansaço rápido durante o passeio, dificuldades respiratórias e perda de peso.
Estes sinais estão relacionados com os achados clínicos observados pelo veterinário, tais como: acumulação de líquidos secundária à falha cardíaca, distensão da veia jugular com observação de pulso anormal, dispneia e taquipneia (dificuldade em respirar e aumento da frequência respiratória). Estas alterações patológicas ocorrem porque os parasitas adultos causam alterações a nível pulmonar e cardíaco. Cirrose hepática (alteração a nível do fígado) e glomerulonefrite (alteração a nível do rim) podem ocorrer secundárias à infestação.
Diagnóstico
O diagnóstico da Dirofilariose é feito através de testes sanguíneos que detetam antigénios de parasitas adultos. O teste pode dar falsos negativos caso a transmissão tenha sido feita há menos de 7 meses.
Uma vez que surgem problemas cardíacos e pulmonares, devem ser feitos outros exames complementares: raio-x, eletrocardiograma (ECG) e ecocardiografia. O raio-x pode estar normal, ou apresentar sinais de insuficiência cardíaca direita e hipertensão pulmonar. Normalmente não ocorrem alterações específicas no ECG. A ecocardiografia é importante para observar a existência de hipertensão pulmonar e alterações nas câmaras cardíacas.
Qual o tratamento para Dirofilariose Canina?
É bastante demorado e é feito através de medicação. No primeiro mês é feito tratamento para matar os parasitas adultos e só posteriormente é iniciado tratamento para matar os estadios larvares na circulação sanguínea. O tratamento pode causar reações alérgicas e os cães devem ficar sob vigilância. O tratamento no seu todo pode durar cerca de 4 meses.
É importante ressalvar que se a infestação já estiver a causar problemas orgânicos graves, o internamento com estabilização do animal é necessário. Nestes casos o prognóstico é reservado.
Como prevenir?
A prevenção deve ser feita com recurso a desparasitantes internos (Milbemax®, por exemplo), por serem capazes de matar os parasitas em alguns estadios da sua evolução. A administração do desparasitante interno todos os meses durante a época alta de transmissão da doença (época quente) está recomendada. A prevenção da picada do mosquito, através da aplicação mensal de desparasitantes externos em pipeta, ou através da utilização de coleiras, ambos com ação repelente, está recomendada (especialmente em zonas endémicas).
Em Portugal quais são as zonas endémicas?
Madeira, Faro, Setúbal, Lisboa e Coimbra são zonas em que a prevalência da doença é maior.